quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

A vida é cheia de meias porções


Recebi por e-mail e não sei se o texto é mesmo da Danuza Leão, mas é muito bom!

Fonte: http://fav.me/d1l8g7z
"Uma bolinha minúscula do meu sorvete preferido. Uma só.

Quanto mais sofisticado o restaurante, menor a porção da
sobremesa. Aí a vontade que dá é de passar numa loja de
conveniência, comprar um litro de sorvete bem cremoso e saborear em
casa com direito a repetir quantas vezes a gente quiser, sem pensar
em calorias, boas maneiras ou moderação.
O sorvete é só um exemplo do que tem sido nosso cotidiano.

A vida anda cheia de meias porções, de prazeres meia-boca, de
aventuras pela metade.

A gente sai pra jantar, mas come pouco.

Vai à festa de casamento, mas resiste aos bombons.
Conquista a chamada liberdade sexual, mas tem que fingir que é
difícil (a imensa maioria das mulheres continua com pavor de ser
rotulada de 'fácil').

Adora tomar um banho demorado, mas se contém pra não desperdiçar
os recursos do planeta.
Quer beijar aquele cara 20 anos mais novo, mas tem medo de fazer
papel ridículo.

Tem vontade de ficar em casa vendo um DVD, esparramada no sofá, mas
se obriga a ir malhar. E por aí vai.

Tantos deveres, tanta preocupação em 'acertar', tanto
empenho em passar na vida sem pegar recuperação...
Aí a vida vai ficando sem tempero, politicamente correta e
existencialmente sem-graça, enquanto a gente vai ficando
melancolicamente sem tesão...

Às vezes dá vontade de fazer tudo 'errado'. Deixar de lado
a régua, o compasso, a bússola, a balança e os 10 mandamentos.
Ser ridícula, inadequada, incoerente e não estar nem aí pro que
dizem e o que pensam a nosso respeito. Recusar prazeres incompletos e
meias porções.

Até Santo Agostinho, que foi santo, uma vez se rebelou e disse uma
frase mais ou menos assim: 'Deus, dai-me continência e
castidade, mas não agora'...
Nós, que não aspiramos à santidade e estamos aqui de passagem,
podemos (devemos?) desejar várias bolas de sorvete, bombons de
muitos sabores, vários beijos bem dados, a água batendo sem pressa
no corpo, o coração saciado.
Um dia a gente cria juízo.
Um dia.
Não tem que ser agora.

Por isso, garçom, por favor, me traga: cinco bolas de sorvete de
chocolate, um sofá pra eu ver 10 episódios do 'Law and
Order', uma caixa de trufas bem macias e o Richard Gere, nu,
embrulhado pra presente. OK? Não necessariamente nessa ordem.
Depois a gente vê como é que faz pra consertar o estrago . . .

_"Você nasce sem pedir e morre sem querer. Aproveite o intervalo."_

Danuza Leão                             

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